Catalisando - Contrações Cerebrais - Lição














Antes de qualquer movimento cerebral, aviso: se está em busca de uma resenha literária, pare agora.

Porém se estiver afim de um mergulho surreal nas águas profundas e em rotação de uma conexão especial entre um livro e uma leitora, fique a vontade. Pegue seu snorkel e aproveite.
A algum tempo venho tentando criar uma classificação nominal para pessoas como eu.

Na falta de uma nomenclatura melhor, batizei temporariamente como "egocentrismo literário". É bem simples. Tem muitos por aí. Possivelmente você é um. O egocêntrico literário acredita piamente que o autor escreveu trechos - quiçá toda obra - direcionados para ele. Esse leitor se encara como o centro sentimental da alma dos livros. Não. Não é arrogância. Nós apenas entramos a tal ponto nas palavras que nos perdemos na linha tênue do leitor e do bizarro.

Uma dica: se você conseguiu enxergar-se na descrição, suas chances de ser um egocêntrico literário aumenta consideravelmente.
Dada a necessária explicação, contarei sem susto um pouco da minha relação com o livro "A Ultima Grande Lição".

Como uma exemplar egocêntrica literária, não tenho dúvidas que cada ponto de emoção e lição foram como dardos inflamados direcionados para mim.
Mitch Albom começou a abrir meus horizontes quando manchou meu rímel com o incomparável "As Cinco Pessoas Que Você Encontra No Céu". Entretanto, me roubou um pouco da alma com o genial professor Morrie

O autor viajou dentro de mim como uma criança indo para o Beto Carrero. Feliz, solto e ansioso. Misturando a história do professor - em contato agressivo com uma doença degenerativa - com a minha - em contato inicial com uma doença degenerativa.
Me senti abraçada e acolhida com a felicidade implícita nas palavras do professor. Inspirada a seguir em frente.

Falando um pouco da história.

O livro - quase meu livro - é um passeio que transita entre o passado e o presente de um aluno - o próprio autor - em busca da autoconhecimento.
Albom afirma que todos nós, na juventude, temos alguém que nos inspira, transforma e ajuda a formar quem queremos ser. No caso dele, o querido professor Morrie Schwartz.
Um hiato de duas décadas - da faculdade para os tempos atuais - os separam. Neste meio tempo, parte do jovem e cheio de gás Mitch se perde. Bem como sonhos e vivacidade necessários para tocar a vida de uma forma mais suave.

Surpresas no caminho fazem os dois se reencontrar. Contudo, o dinâmico professor está diferente. Acometido de uma agressiva doença que o levará a morte em pouco tempo. Movido pela curiosidade e uma boa dose de saudade, o antigo discípulo resolve visitar o velho mestre. Depara-se com a degradação corporal, sobretudo com a conservação do espírito. A estrutura física prejudicada, mente plena.
Em catorze encontros, Albom recebe de presente o real sentido da vida. E reacende em nós a faísca da inspiração.
Tal e qual uma criança que vê o mar pela primeira vez, me encheu os olhos quebrar as ondas comoventes registradas por essa dupla. 
Um livro maravilhoso, sem sombra de dúvidas. Emocionante, profundo e quase indescritível. Me senti representada e tocada pelas conjecturas. Ansiosa, no aguardo da próxima lição. Com a alma solta, nos braços da perfeição em forma de prosa.
Sem mais o que dizer, digo: me ajudou a aceitar quem sou, fez brotar e germinar a semente da compaixão e sobretudo, ministrou nas minhas veias o bálsamo da motivação.




Evelyn Trovão 

2 comentários

  1. Ah, que texto/resenha lindos. Adorei como você descreveu seus sentimentos em relação ao livro.

    Beijos, tudo de bom para você :)
    Leitores Forever

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    Respostas
    1. Concordo em numero e grau contigo Cris... Eve escreve muito bem.
      Obrigada pela visita e volte sempre...

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