Para refletir... Meu amor aos Livros


 

 Hoje ao abrir um livro qualquer na estante estive a pensar sobre o meu amor por eles, mais do que momentos agradáveis, mais do que diversão, hobby, muito mais do algo para passar o tempo, eles são verdadeiros portais para a magia! Eu tenho a garantia de que com eles posso viver grandes aventuras, ir para outros planetas, outros tempos, posso me apaixonar por um príncipe e depois desapaixonar, e voltar a me apaixonar por outro, posso fazer amigas, ver sábios conselheiros de questões do meu dia a dia, afinal quem nunca se deparou com uma carapuça que serviu direitinho em algum livro? Ou que é o tamanho certo do seu amigo ou vizinho. Com eles eu posso viver a magia, posso ver o sobrenatural, e  ainda que por breves páginas, eu posso estar com criaturas magnificas dos sonhos, filmes ou contos. Eu tenho chance de ver o sofrimento, e aprender muito com ele, pois como sempre digo, a cada drama, a cada lágrima, uma lição vem junto, para que na vida material essa lágrima possa ser poupada. Eu abro um livro com grande ansiedade, alegria, na expectativa das emoções que viverei com ele, e muitas vezes termino triste por ter de me separar da história, mas ai que esta sua maior magia, sempre teremos mais e mais livros, muitos mais príncipes e princesas, muitos novos mundos a explorar, novos amores e alegrias para viver, e diferente da vida imprevista, nada constante e incontrolável, eu posso ir a biblioteca, a livraria, ou a estante lá de casa e escolher a minha próxima aventura!

Inspirada por esse amor que hoje lhes compartilho trago essa poesia muito bonita, de um poeta para mim até hoje era desconhecido, mas que já gostei muito. 
Apreciem sem moderação, pois se o livro é o alimento da alma, a poesia é o alimento do coração.




O limpa-palavras

Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.

Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.

A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar
e é preciso fechá-la na arrecadação.

No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe,
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outra vez nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.

A palavra obrigado agradece-me.
As outras, não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.
Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes um braço para apanhares
a palavra barco ou a palavra amor.

Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.


 O limpa-palavras e outros poemas - Álvaro Magalhães



Beijos
                   Nita

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