[RESENHA] Noites Italianas - Kate Holden


| Autora: Kate Holden | Selo: Novo Conceito | Páginas: 270 | ISBN:  97885816 978 8581632728  Skoob | Comprar  |

Quando Kate decidiu abandonar seu passado, em Melbourne, e começar uma jornada para dentro de si mesma, foi para um país reconhecidamente romântico. Enquanto se encantava com as ruínas de Roma e as praças de Nápoles, esperava encontrar - em ruas estrangeiras - sua verdade pessoal. Mas a peregrinação de Kate exigiu coragem. Encontrar o verdadeiro amor, ou quem sabe, perder-se para sempre de maneira a não ter mais qualquer chance de resgate foram possibilidades reais na Itália... Especialmente para alguém que estava acostumada a viver entre vielas da escuridão. Em um romântico, mas estranho país, com muitos - alguns bem significativos - casos de amor, e mais algumas noites de sexo sem compromisso, ela vai se perguntar se é, verdadeiramente, um espírito livre, ou uma atriz que decorou tão bem o seu papel de mulher sedutora que já não consegue desvincilhar-se dele...

O livro é uma autobiografia da escritora Kate Holden.
"Esta é uma obra da minha imaginação, e também a verdade. Todos os nomes foram trocados e as descrições, reduzidas. São memórias sinceras, vistas com o olhar de hoje. A autora é real.''

O livro é narrado em terceira pessoa e conta a estória da libertina Kate que sai do seu país de origem, Austrália, e decide se aventurar na romântica Itália, lá ela tem novas e diferentes experiências tentando se encontrar e descobrir mais sobre si própria.

''Ela veio à Itália em busca de três coisas: Roma, românticos e romance. Quatro coisas. Veio em busca de si mesma também.''

O livro é dividido em sete partes e cada parte é intitulada com o nome de algum personagem que terá enfoque naquele capítulo.

Parte 1 - Jack: O primeiro homem com quem ela fica na Itália. É casado, eles têm um caso e combinam que não irão se apaixonar, ele tem quase o dobro da idade dela, e ele quer ficar mudando-a, faz vários comentários sobre como ela é linda e que se fizesse tal coisa pareceria menos infantil, e sempre que ela tenta ser sincera sobre o que ela sente e o que a aflige, ele a faz se sentir pior com comentários ironicamente malvados.

''É difícil, depois de uma vida toda escondendo, revelar essa incerteza, confiar nele. Tentar descrever o susto sem causa, o pensar sem motivo . (...) Deitada na cama, ela pensa que, se eles tivessem conversado por mais tempo, a loucura dele a teria convencido de que ela é instável, louca, perigosa. Um peso. Que ele é perfeitamente razoável e ela está errada. A confiança que ele tem em si mesmo é assustadora. Ele é um dos homens mais tristes que já conheceu.''

Jack analisa tudo a fundo e isso acaba magoando-a. Kate tem com ele uma vida pacata e leve, o que permite que ela leia muitos livros e reflita sobre si. 

''(...) O mar e azeitonas, o vento fresco, o silêncio. Ler poesia em um espaço ensolarado entre as sombras. Buscar lenha para a fogueira. Acender velas para guiá-lo pela escada toda noite. Aquele fogo, aquele vinho, aquele homem: aquela imagem de segurança. Lágrimas se acumulam nos olhos dela, mas então ela se lembra de que não deve ser sentimental.''

Parte 2 - Guido: O segundo homem com quem ela se envolve é o gerente de um hotelzinho no qual ela está hospedada na cidade de Nápoles, ela é sincera e diz que tem namorado e ele primeiramente a engana dizendo que já fora casado e que se divorciou, mas depois confessa que ainda é casado. Ele é um homem aparentemente amargurado, que sempre viveu às sombras do seu belo irmão mais velho.

''Guido é um romântico que não deu certo, ela conclui. Ele fere como retribuição. Amargurado pelo sexo, alertando sobre os perigos. Ela percebe o exemplo. A risada dele foi o que a atraiu, a princípio, mas ele não está rindo agora. Nem ela. Como a compreensão é contagiosa.''

Parte 3 - MassimoÉ o belo irmão de Guido, é um homem apaixonado e apaixonante.

''Ela gosta dele não apenas por causa do sexo - só sexo seria tedioso -, mas pela maneira como os dois riem juntos. Ela compreende a maneira que ele tem de se exibir e fazer piada de si mesmo. É um ótimo piadista. Um piadista trágico. Ela pensa nos olhos dele na noite anterior, tão sinceros. E admite: ainda se sente lisonjeada. ''  

Parte 4 - Rufus: Finalmente um homem que não quer transar com a protagonista! É um ótimo amigo e dá esperança a Kate. Quando esse personagem entra na vida dela a estória só melhora.

Parte 5 - Gabriele: Um italiano, carpinteiro encantador, um personagem que me encantou com sua simplicidade e seu amor.

''Ele a leva de volta à estação e eles sentam no trem sonolentos, ela com o boné dele. Ela se sente como uma menina sentada ao lado de seu primeiro namorado. Ela se recosta no ombro de Gabriele e ele a abraça. (...) Ela pensa: talvez. O amor não é assim? Envolvimento e ansiedade, além de compreensão? Aprendizado, ousadia e perdão o tempo todo? Uma corrente passando entre as pessoas, reforçada com os batimentos a cada volta. Ela imagina: linhas brilhantes unindo um coração ao outro.''

Parte 6 - Donatella: Não posso falar sobre essa personagem, pois teria que soltar spoilers importantíssimos. Não sei se gosto da Donatella ou se tenho vontade de empurrá-la de um penhasco (rs).

''Amar os homens é difícil. Nesse mesmo hemisfério, no mesmo país, ela conheceu muitos homens. Massimo. Seu sorriso diabólico surge à sua mente. Oh Massimo e Nanni e Guido, parece fazer tanto tempo, aqueles dias malucos. Jack, pobre Jack. Todos os outros. Lições, lições. Ela une os joelhos ao peito, suspira. Complicado demais para explicar a Donatella em italiano, afinal. Ela envolve seus segredos. Eles nunca sairão dela.''

Parte 7 - Kate 
O livro não teve um final conclusivo, então penso que talvez haverá um próximo livro, ou talvez o final foi assim para nos fazer refletir.

Em certas partes eu fiquei muito indignada, não conseguia entender como alguém conseguia ser tão passiva, sem se defender, sem exteriorizar sua raiva e frustração, e eu só conseguia pensar: "nossa, isso realmente aconteceu com a Kate?!", eu me senti ultrajada pelo que acontecia com a Kate e tive sentimentos conflituosos com relação ao livro.

Narrativa envolvente, quase poética. Ao decorrer das páginas, eu queria saber o que aconteceria com a Kate, qual seria sua nova experiência, seu novo aprendizado, qual novo canto da cidade me seria apresentado. É um texto que não dá tanto enfoque às aparências das pessoas, mas sim sobre sentimentos e conflitos internos de personagens reais e humanos. O texto aborda sexo, ménage à trois (sexo a três), mas não é um livro vulgar. Ao contrário dos livros eróticos como os da E.L. James e da Bella Andre que tem o sexo como plano principal e seus personagens como plano de fundo, Noites Italianas apresenta Kate no plano principal e o sexo é apenas plano de fundo (mesmo que tenha um importante papel no desenvolvimento da estória).
''Ao passar pelo gueto, ela para. Acima de uma porta, uma inscrição que nunca havia notado, apesar de estar ali há séculos. ID VELIS QUOD POSSIS: Só desejo o que posso ter.''

A diagramação do livro é simples e perfeita! No início de cada parte do livro há uma citação, Byron é frequentemente citado no decorrer da narrativa. Há várias palavras e expressões em italiano e o texto não apresenta nota de rodapé, cabendo ao leitor a interpretação dessas palavras, mas elas não atrapalham o desenvolvimento e entendimento da narrativa. É uma estória bem construída, não cheguei a amar nem a odiar nenhum personagem, mas tive carinho e empatia por alguns deles e fiquei frustrada algumas outras vezes com as atitudes da Kate. Há muitas frases reflexivas.
''E também há o respeito. Acredito que existem dois tipos de respeito: aquele que te faz abrir caminho, sabe? Que te faz abrir uma brecha para alguém, por respeito às diferenças. E também há o tipo de respeito no qual você respeita alguém o suficiente, a força que a pessoa tem, e dá uma chance, dá crédito para que ela possa se defender. E talvez, você tire algo disso, ou não. Mas respeito, por si mesmo, e depois pelos outros. Acredito que o respeito é a coisa mais importante.''

Esse é o segundo livro autobiográfico da autora, o primeiro se chama Na minha pele, e eu não o li, então acho que, se você, assim como eu não leu o livro anterior, não terá problemas para acompanhar Noites Italianas, afinal esse livro narra uma nova fase na vida da protagonista. E ao final do livro há um trecho do livro Na minha pele, que nos permite saber um pouco sobre como foi a adolescência e infância da Kate e o que a impulsionou a tomar certas atitudes.

Kate Holden nasceu em Melbourne, em 1972. Formou-se em Estudos Clássicos e Literatura na Universidade de Melbourne e já lavou pratos, foi modelo de cabelo e trabalhou em uma livraria antes de se viciar em heroína e, um pouco mais tarde, tornar-se profissional do sexo. Depois de seu primeiro livro de memórias, conseguiu iniciar uma nova carreira. Hoje ela é colunista no jornal Saturday Age, em que fala sobre as preocupações, as fantasias e os dilemas das mulheres.


'' - Tenha fé em si mesma - diz Penny quando elas se despedem. - Não é crime ter imaginação, nem pensar demais, nem usar a intuição. Não permita ninguém que diga que é.''




3 comentários

  1. quero muuuuuuuuito ler esse livro, procurei no site da NC e nem achei entre os lançamentos :S

    http://torporniilista.blogspot.com.br/

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  2. Confesso que não curti muito a capa não hahaha, mass dizem que não podemos julgar um livro pela capa :X
    Nosso e esse lance de ser dividido em 7 partes?!?! UAU, nunca vi nada igual!
    Infelizmente ainda não estou tão na vibe de ler o livro :S
    Mas parabéns pela resenha


    Beijo

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  3. Olá Maria Valéria, a Novo Conceito adicionou Noites Italianas aos lançamentos de Janeiro.

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