[Resenha] Reconstruindo Amelia - Kimberly McCreight


| Autor: Kimberly McCreight | Selo: Arqueiro | Páginas: 352 | ISBN: 9788580412857Skoob |Comprar|

Kate Baron, uma bem-sucedida advo­gada, está no meio de uma das reuniões mais importantes de sua carreira quando recebe um telefonema. Sua filha, Amelia, foi suspensa por três dias do Grace Hall, o exclusivo colégio particular onde estuda. Como isso foi acontecer? O que sua sensata e inteligente filha de 15 anos poderia ter feito de errado para merecer a punição?Sua incredulidade, no entanto, vai aos poucos se transformando em pavor ao deparar, no caminho para o colégio, com um carro de bombeiros, uma dúzia de policiais e uma ambulância com as luzes desligadas e portas fechadas.Amelia está morta.Aparentemente incapaz de lidar com a suspensão, a garota subiu no telhado e se jogou. O atraso de Kate para chegar a Grace Hall foi tempo suficiente para o suicídio. Pelo menos essa é a versão do colégio e da polícia.Em choque, Kate tenta compreender por que Amelia decidiu pôr fim à própria vida. Por tantos anos, as duas sempre estiveram unidas para enfrentar qualquer problema. Por que aquele ato impulsivo agora?Suas convicções sobre a tragédia e a pró­pria filha estão prestes a mudar quan­do, pouco tempo depois do funeral, ela recebe uma mensagem de texto no celular:Amelia não pulou.Alternando a história de Kate com registros do blog, e-mails e posts no Fa­cebook da filha, Reconstruindo Amelia é um thriller empolgante que vai surpreender o leitor até a última página. – SKOOB

Qual leitor nunca passou pela ansiosa espera de um lançamento que em todos os sites descrevia como o melhor livro do ano? Geralmente quando lemos algo assim devemos ou não desconfiar da publicidade?

Apesar de Amelia ser o foco principal da trama, ela está morta. E isso acontece nos primeiros momentos da leitura, então não, não é spoiler de nossa parte. E a questão é exatamente essa. Como pode uma garota de 15 anos, extremamente inteligente, que tinha amigos, e não apresentava nenhum indicio de depressão em casa, muito menos na escola, se matar?

Era especialmente cruel, considerando o tempo que Kate levara para aceitar que a filha havia se matado. A ideia de Amelia ter sido pega colando – em um trabalho de inglês, ainda por cima – era particularmente absurda.

Depois de receber a notícia de que estaria suspensa por três dias, por plagiar um trabalho de inglês, a Amelia teria tirado a própria vida. Mas para Kate, advogada e mãe solteira da Amelia, aquilo não faz nenhum sentido e após receber um sms anônimo dizendo que sua filha não se jogou ela vai tentar, com a ajuda de um investigador da polícia, descobrir o que aconteceu.

-A Amelia era uma boa menina – disse Jeremy – e você foi uma boa mãe. Nada do que descobrir vai mudar isso.

Amelia conhecia pessoas bem inusitadas, como a Sylvia, uma amiga de infância que não tem papas na língua, Zadie integrante de um clube de meninas e que, por um motivo desconhecido, infernizava o caminho da Amelia, e o Bem, seu amigo virtual que acompanhou todos os seus dramas através de mensagens de texto.

Sylvia era assim. Não tinha filtro. Dizia coisas realmente cruéis sobre meu pai inexistente e minha mãe que nunca estava em casa. Amelia, a pequena órfã, me chamara certa vez. Fazia isso quando sentia que eu a tinha magoado primeiro. Esse não era seu melhor lado. E às vezes eu gritava com ela quando faz ia isso. Mas tentava ignorar as coisas que ela dizia sobre minha mãe porque, no fundo, acho que ela sentia ciúme.

A narração é feita em dois momentos que se cruzam no tempo, mostrando em primeira pessoa a Amelia dias antes do ocorrido, interagindo com amigos e família, e em terceira pessoa a sua mãe desde o momento que recebe a ligação da escola para que vá pegar sua filha que está suspensa. Utilizando de artifícios bem atuais, como mensagens trocadas em celulares e postagens em blogs e Redes sociais como Facebook, a história se torna ainda mais dinâmica e empolgante.

14 DE SETEMBRO, 7H37
AMELIA
quando vc soube?
BEM
soube o quê?
AMELIA
que vc gostava de meninos?
BEM
não sei, acho que sempre.

O inicio da leitura me deixou bem balançada. O luto da Kate e as revelações da Amelia foram de arrancar alguns soluços. Eram tantos indícios de que ela se matou, quantos de que foi assassinada friamente. Então em um momento da leitura você pensa: Tá, ela se matou mesmo... em outros você acha completamente absurda aquela ideia. E não foram poucos os momentos que me fizeram vacilar assim. Para falar a verdade, lá pelo meio do livro pensei que a autora tinha entregado de "mão beijada" a resposta, e acusado alguém sem querer. Mas de repente, BUM... tudo mudou.

Como sou mãe de adolescente entendo toda a tensão pela qual a Kate passou ao descobrir fatos secretos da vida da sua filha. Mas para um leitor adolescente, talvez não tenha sido assim tão interessante, afinal essa fase da vida parece mesmo um transtorno eterno. Foi o que a autora mostrou dividindo a narração entre Kate e Amelia e lançando duas perguntas atraentes na capa

Quanto da sua vida você conta para a sua mãe?

Você realmente sabe o que se passa na cabeça da sua filha?

Achei só que em alguns momentos a leitura torna-se um pouco maçante. Mas acredito que se deva ao fato da autora tentar alcançar dois públicos tão diferentes com a mesma narrativa. Recomendo a leitura e espero ter a oportunidade de ler mais livros como esse, pois mexeu muito comigo.

Ah, quase me esqueci de responder o questionamento que fiz no início da resenha. Acredito que o bom leitor deve desconfiar da publicidade sim, mas para julgar deve ler antes. Esse eu li e gostei. Talvez não seja "O" melhor livro, mas com certeza é muito bom.


A autora


Kimberly McCreight frequentou a universidade Vassar e graduou-se com honras na Universidade de Direito da Pensilvânia. Depois de vários anos como advogada em uma grande firma em Nova York, ela deixou a prática para escrever em tempo integral. Seu trabalho aparece em vários sites de reviews e jornais. Ela vive em Slope, no Brooklyn com seu marido e duas filhas.

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