[Resenha] Príncipe da Noite - Sete mulheres e meia - Germano Pereira


Príncipe da Noite

| Autor: Germano Pereira | Selo: Novo Conceito | Páginas: 368 | ISBN: 9788581633428 | Skoob | Comprar

Toda manhã, o psicanalista Gabriel se surpreende ao acordar: sempre encontra uma mulher diferente dormindo ao seu lado. Ele nunca se lembra do seu nome, nem da maneira como a conheceu. A única coisa que resta de suas aventuras noturnas é um lapso de memória. Mas esta noite tudo se repetirá: quando cruzar com uma bela mulher, na noite seguinte, perderá o controle de quem é, porque o seu outro “eu” é capaz de tudo para satisfazer seus desejos mais primitivos. Mantendo esse segredo somente para si, Gabriel leva uma vida aparentemente normal na grande Londres, ouvindo diariamente os problemas de seus pacientes, enquanto tenta fugir das loucuras de sua ex-namorada. Mas nada é verdadeiramente normal para um homem que pode ser controlado pelo Príncipe da Noite...


“Distante e do lado oposto ao terreno sepulcral encontra-se o Príncipe, soldado do afeto, serial killer do sexo que, apesar de ofuscado pelos acontecimentos tortuosos da vida, direciona-se guiado sempre pelo brilho da luz do amor” (pág. 9).


Um triler psicológico, na verdade o primeiro que li. Devo dizer que foi um livro forte, e chocante em certos momentos.

Gabriel é um psicanalista, ironicamente ele sofre do distúrbio de dupla personalidade, ao invés de se tratar, optar por ignorar ao máximo o seu outro ‘’eu’’ e lidar como o que ele aprontar conforme os fatos forem se desenrolando. Essa parte provavelmente, assim como foi comigo, vai lhe deixar muito revoltado. Afinal os problemas causados pela dupla personalidade não são poucos, o fato dele ser um homem estudado no tema e decidir ignorar é bem estranho. Gabriel é um homem tímido, gentil, romântico... Que tenta encontrar o amor, sobreviver a seu passado, e seguir em paz com a carreira. Um pessoa boa, tanto que é voluntario para ajudar crianças com assistência psicológica em um hospital.

O Príncipe por outro lado é uma homem decidido, que não conhece o remorso, o medo... Nada. Com sua obsessão por atrair todas as belas mulheres para sua cama, ele coleciona os sapatos das vitimas com sangue. Ele é um ser estranho, meio primitivo, seguindo apenas seu extinto. Não se importa com a opinião de Gabriel, mesmo quando este lhe implora. 

O Príncipe da Noite como Gabriel o chama, costuma aparecer apenas à noite, geralmente quando aparece uma ‘’presa’’ (belas garotas) dando sopa.
Gabriel fica a todo o momento consciente do que o príncipe fala ou faz durante a noite, ele se entristece, implora para o príncipe parar, no entanto não tem controle algum do seu corpo. No dia seguinte após os ‘’ataques’’ Gabriel não se lembra de nada a não ser que o príncipe ágil.
Agora imaginem os problemas na manhã seguinte quando ele simplesmente não faz ideia de quem são as garotas na sua cama?

Porém Gabriel tem muitos outros segredos, um passado marcado por uma tragédia, coisas que alimentam sua alma perturbada.

''Estou bem cansado. Penso em não sair de casa, descansar, já que cheguei de viagem e li aquela carta, que me desgastou, mas sinto que o príncipe não me deixará livre esta noite. Ele nos força a sair! A luta interminável dentro de mim, este horizonte que divide nossas personalidades. Não posso dizer que o Príncipe seja meu eu, a pesar de, às vezes, me identificar com seus pensamentos e suas ações, de suas intenções que fazem parte de meus impulsos reprimidos.'' pág. 104 

O livro é simplesmente muito bem escrito, nosso brasileiro Germano Pereira merece aplausos pelo texto, pela criatividade, por saber levar tão bem o fluxo de informações para manter o leitor atento e ansioso.
Não existe monotonia em suas páginas, lembra-me um filme de suspense, a qualquer momento algo novo pode acontecer, ficamos alerta.

Germano Pereira mexe com o psicológico do leitor, nos tornamos psicanalistas ao tentar analisar os personagens, compreender o que está nas ‘’entrelinhas’’.

Por ser narrado em primeira pessoa temos em primeira mão os pensamentos e sentimentos de Gabriel, o que nos torna Complacentes em certos momentos com suas atitudes, e revoltados em outros.
Embora o príncipe seja um serial killer do sexo, suas aventuras de uma noite não são narradas como estamos acostumados na literatura erótica, às partes abordadas pelo autor é sempre para ilustrar pensamentos, sentimentos contrários, e muita confusão psicológica.

Devo dizer que assistir Gabriel analisando seus pacientes é muito interessante, uma total confusão mental que não seria percebida se não tivéssemos a liberdade de ouvir seus pensamentos.
A diagramação segue perfeita como sempre, capa sugestiva do tema muito bem feita, o rosto com o fundo da rua, percebe-se que na imagem que vemos o príncipe pronto para o ataque, e não Gabriel. As letras são de bom tamanho, folhas amareladas. Estranhei a indicação do número das páginas ser no meio da folha, não que isso ainda seja uma novidade, mas confesso que sempre acho esquisito quando acontece. Me chamem de antiquada que gosta das coisas no lugar onde sempre ficaram. =)


Sobre o autor: Germano Pereira

O ator e dramaturgo Germano Pereira nasceu em Joinville (SC), em 13 de março de 1981. Ele abandonou a carreira de engenharia mecânica e um emprego em uma multinacional para ser ator, quando conheceu a companhia Os Satyros, em Curitiba. Decidiu seguir a carreira artística e foi para São Paulo, acompanhando o grupo. Participou como ator no elenco de algumas produções realizadas pela companhia, como A Mais Forte e Coriolano, ambas dirigidas por Rodolfo García Vázquez. Em 2000 atuou em várias montagens, como Retábulo da Avareza, Luxúria e Morte e De Profundis, entre outras. Em 2006, como dramaturgo, escreveu e protagonizou o texto Hamlet Gasshô -? Uma Visão Budista, encenada por Rubens Ewald Filho. Também escreveu para a Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado, a biografia da atriz Irene Stefania, e organizou o livro sobre o grupo Os Satyros, que recebeu, em 2011, o Prêmio Jabuti. Para teatro, adaptou O Amante de Lady Chatterley para a montagem teatral em 2008/2009 e também redigiu Rimbaud na África, sobre a vida do famoso poeta francês.
No cinema atuou em Salve Geral, de Sérgio Rezende; Topografia de um Desnudo, de Teresa Aguiar, e foi o vilão de O Menino da Porteira, de Jeremias Moreira Filho, e fez uma participação no filme O Doce Veneno do Escorpião, ao lado de Deborah Secco. Na TV, a convite do autor de novelas Sílvio de Abreu, estreou na Globo em 2010, na novela Passione. E, em 2011, voltou ao teatro na peça Fica Frio, de Mário Bortolotto, com direção de Raoni Carneiro. Na sequência, dirigiu o musical Adoniran Barbosa, estrelado por Eva Wilma. Em 2012, subiu aos palcos com o musical O Violinista no Telhado, ao lado de José Mayer, e gravou o filme Diminuta. Em 2013 gravou uma participação especial na novela Guerra dos Sexos, da Globo, como um lutador de MMA. 

Foi uma agradável surpresa perceber que o ator que tanto gostei em Passione, não é apenas um rostinho bonito, mas sim um autor muito inteligente que me deu bons momentos de leitura. 



5 comentários

  1. Aiii primeira resenha que leio deste livro, fiquei feliz em saber que minha intuição acertou, desde a sinopse imaginei que seria bom. Só não entendo o motivo de não tentar sanar seu próprio problema... espero que isso seja resolvido durante a leitura, fiquei ainda mais curiosa.
    Sobre o rosto na capa, na divulgação ele e passou despercebido, notei agora que abri a resenha e vi os olhos azuis.
    Colecionador de sapatos... é um souvenir e tanto... ahahaha

    Minha Velha estante

    Leitura Nossa de Cada Dia

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  2. Nunca tinha ouvido falar do livro mas me pareceu ser interessantíssimo! Adoro thrillers psicológicos então com certeza vou adorar esse aqui! Já entrou para a listinha :)
    Ótima resenha Nita!

    Beijo

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  3. Adorei! Mas, não entendi se as mulheres estão dormindo ou se ele as mata. Beijos!

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    1. Ele dorme com algumas e mata outras, não faz sentido, o livro não segue um padrão. Ele desperta perguntas que não se propõe a responder e usa um final em aberto para dar uma sensação de mistério, ni entanto soa soa raso e sem criatividade.

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