[RESENHA] Amar Se Aprende Amando - Carlos Drummond de Andrade


| Autor: Carlos Drummond de Andrade |Selo: Record | Páginas: 178| Skoob 

Drummond se debruça, nos poemas deste 'Amar se aprende amando', sobre as coisas miúdas, humílimas até e quase anônimas da multiforme floração cotidiana, encordoando outra vez uma viola que há muito silenciara e confirmando que não é poeta porque queria, mas porque, como observa Antonio Houaiss, toda a alternativa o perderia de si para si.

O doce cotidiano do amor
Amar Se Aprende Amando. Assim disse Carlos Drummond de Andrade. Um livro clássico e que nos mostra um estilo não valorizado hoje em dia: poesia. Muitos leem o livro apenas por questões amorosas. Terminam um namoro e resolvem “inovar”, mostrar pra todo mundo via redes socais (vide facebook) que adoram clássicos, quando na verdade, apenas estão lendo algumas poesias, querendo mostrar para todo mundo que adoram livros.

Ganhei o livro da minha madrinha. Edição de 1999, alguns ácaros me ajudaram na leitura, mas o prazer de ter um clássico em mãos, raríssimo, edição que poucos ainda possuem, me fez ler o livro em menos de duas horas. Até a capa, como vocês podem ver, é da 8ª edição, diferente do livro que tenho em mãos, 22ª edição.

O amor é a força que move o universo. Assim acredito que Drummond também pregou isso em sua obra. Foi uma das últimas obras do autor a publicar em vida. O que faz o livro ser mais rico em seu conteúdo. Eu tenho minhas poesias favoritas, como a própria citada na contra capa do livro.

“O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.”

O livro trata de questões simples, do nosso cotidiano, onde a poesia lírica de um homem apaixonado, é comparada a poesia de coisas de nossa casa, coisas que somos habituados a ignorar: amigos, por exemplo. Quando estamos apaixonados, ignoramos nossos amigos e nossa família, só aquela pessoa passa a existir em nossa vida, estou certo?

O estilo inovador é inconfundível, onde Carlos transforma o clichê em algo extremamente fabuloso, diria, até divino, comparando com a juventude de hoje em dia. Que esqueceu o doce sabor da poesia em nossos dias. Escrever é um dom que vários possuem, agora... escrever para emocionar, isso é outra história, é o que Carlos Drummond de Andrade nos ensina.
 
“O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
Acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime e selo
Que à vida imprime cor, graça e sentido.”

Em relação ao título, Amar Se Aprende Amando, é a mais pura verdade. Quem nunca imaginou como era estar apaixonado? É como andar de bicicleta, você só aprende tentando, e claro... caindo. No amor, as quedas seriam os nossos erros, as traições, o que fazemos de errado ao magoar alguém que amamos.


É um dos livros mais perfeitos que eu já li. Por ser um clássico, isso pesa até o ponto em que somos obrigados a amar. Nem que seja, amar a nós mesmos.



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